segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Credo

“A crença consiste na aceitação das afirmações da alma; a descrença em sua negação.” (Emmerson).

Me diga uma coisa: o teu credo é negar o meu? Sinto, mas então teu credo é negar teu semelhante.

Não me vê como teu semelhante? Então que espécie de negação é a tua? Pois a diferença que você estabelece entre nós te faz incapaz de compreender quem sou. Tua negação é ignorante; assim não é possível negar nada.

Ou contra meu credo o teu se dá por afirmação? Se for assim, é apenas para você mesmo. Universal só aí no teu quintal onde você e os teus estão. O que afirma sobre mim (pensando ser por mim) não pode ser afirmativo, logo, não me serve. É coisa particular tua, que se genuína, em verdade não excede teus limites; é o aroma da comida, não o que se come. Brota pelo veio do impositivo, portanto não afirma; o sim precisa de concordância, a tirania precisa de oprimidos.

Dizem que meu credo me foi imposto; não foi e muito menos o impus a mim mesmo. Meu credo (que é credo de outros), se imposto, dissolve. Daí, o que passa a existir é só um politicismo aberrante que impositores-impostores utilizam em nome de desejos inescusáveis. Tão inescusáveis são os que tomam sobre si tal mentira como sendo verdade.

Há falsários que há muito tomam um credo que não é o meu, mas o chamam de um nome igual ao do meu, dizem ser o meu, e não sendo, você brada que o problema é meu credo? Chamar abacaxi de maça torna possível come-lo com casca?

Cego, olha pra você mesmo; tolo, entenda-se; soberbo, faça-se humilde. Anule-se. Quer aniquilar algo? Vá contra os que se apropriam de credos para fins pessoais malditos – como você se apropria. g