terça-feira, 26 de setembro de 2006

Um destaque de texto

Uma coisa chama a atenção num bom texto que saiu no domingo (“A modelo, o papa e o lugar público” - 24/9/2006 - Aliás - J6 - O Estado de São Paulo - http://txt.estado.com.br/suplementos/ali/2006/09/24/ali-1.93.19.20060924.13.1.xml): Um destaque no corpo do texto que diz “Por sua natureza, o cristianismo está na origem do culto das imagens”.

Chama a atenção pela aparência de alfinetada por parte de quem escreveu (Stella Senra, doutora em ciências da informação pela Universidade de Paris 2 e autora de O Último Jornalista). Soa assim, pois num primeiro contato com o texto logo se percebe que é uma reflexão sobre a ambigüidade das imagens, que toma como oportunidade os casos do suposto vídeo-invasão do casal Cicarelli-Malzone e o mal-bem-entendido do atual papa.

Indo ao texto a estranheza quanto à frase em destaque não some. Não pelo destaque, mas porque ela ainda parece espremida pelo assunto em questão, como quando as mãos ensaboadas tentam espremer entre si um sabonete e ele pula.

Não é por se tratar dum assunto em que religião e papa figuram que qualquer frase sobre o que se figura serve bem para o que se discute. Caso contrário, discutir transubstanciação, trindade, ou a nacionalidade alemã teriam espaço garantido.

Mas o incômodo mesmo surge, porque a referida frase provoca o mesmo efeito que “o papa é alemão por isso vai provocar uma nova guerra mundial”, caso ela estivesse no texto e por causa de seu teor.
E aí se esbarra no seguinte: Ou quem escreveu fez referência a um outro autor, ou é uma opinião, ou é uma questão pessoal de ódio, ou uma constatação.

Se for referência, e o credito ao autor está ausente, então houve uma falha (ou intenção, podendo ser de outro; revisor, editor, ou sabe-se lá mais quem).

Se estiver como constatação, bem, todo mundo erra e também não existe um doutorado que aborde todas as categorias do conhecimento. Por isso talvez tenha lhe escapado que historicamente o cristianismo é totalmente avesso ao culto das imagens, idolatria, e que no proceder guia-se por fé e não pelo que se vê (II carta de Paulo aos Coríntios, segundo semestre do século 55, 56 ou 57 d.C.). Ignorar esta questão como sendo fundamental ao cristianismo não provoca sua anulação, mas explicita sim, uma situação altamente discutível daquele que adota essas práticas como inerentes ao cristianismo, quando elas não são. Trata-se da imagem ou ilusão de cristão que pessoas fazem de si mesmo quando na verdade estão distantes disso. Se a intenção da frase foi dizer do proceder de alguns cristãos ou de algumas pessoas que se dizem cristãs, isso realmente não fica claro pela frase, mas pode ficar claro por uma qualidade que o texto tem, embora essa frase ainda seja um corpo estranho.

Agora, se é uma opinião ou questão de ódio – bem, para não ficar alheio a uma das vias pela qual o texto passa – por mais erudição e por mais títulos que se tenha, todos temos nossos momentos de dogmatista, até mesmo possíveis detratores de um credo.g

Um comentário:

Anônimo disse...

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