quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Espécie parasita

Poucos parecem saber e muitos evitam dizer, mas grande parte da esfera intelectual brasileira é somente uma espécie de parasita dos acontecimentos da nação. Parasitam a nação e o povo. Podem aparentar ser de esquerda, de direita, ter ares artísticos ou de benemerente público, de manifestante da verdade que, supõe a estirpe parasita, todos os demais são incapazes de ver, e não vai muito mais longe do que isso.

Os parasitas produzem um caldinho cretino (particular aos indivíduos da raça), a secreção da contrariedade, para que possam ser distinguidos também de seus congêneres e de quem ou o que parasitam. A espécie é ágil, ou com os dedos ou com a fala. São ações nunca impelidas pelo que é colhido em seu entorno ou processadas interiormente, mas pelo que se origina em seus ventres: enquanto seu combustível brotar dali, dedos e boca nunca atrofiarão, e consequentemente, enquanto houver parasitados potenciais, a perpetuação da espécie estará garantida.

Curioso tem sido observar que as criaturas, graças às novas possibilidades tecnológicas, têm feito uso tanto dos dedos como da boca. Isso, em quem observava com plena consciência o parasita e via apenas uma das capacidades em ação, causava o efeito de repulsa no observador; agora o efeito evoluiu e quem observa sente uma profunda ojeriza acompanhada de ânsia de vômito. Nos parasitados, o efeito aparentemente é banal, mas percebe-se mais atentamente que as ações dáctil e oral do parasita, simultaneamente, provocam uma legitimação maior de seus propósitos.

Os propósitos e a anteriormente citada motivação das ações da espécie parasitária, é bom notar, procedem de uma mesma fonte: uma profunda ânsia de reconhecimento público de suas próprias teorias, que se assemelha a uma fome irrefreável. Isso, em outras épocas, levava o parasita a se auto-destruir ou ser deixado a mingua pelos parasitados, talvez pela forte impressão do ridículo que as criaturazinhas emanavam.

Há muito também se sabe que a espécie em questão não vive apenas para manter a si mesma. Vive também para manter um sistema em que outras espécies que nasceram em meio à abastança, que estas dizem não importar muito de onde vem (o importante é que está com elas há gerações), não tenha sua riqueza decrescida, nem compartilhada com outros. No Brasil é um ecossistema presente em diversas regiões do país, que até mesmo supostos detratores dele o nutrem. Como vez ou outra esse sistema deixa transparecer seus limites e operações, o parasita, por oportunismo, ao usar isso para sua sobrevivência, contribui para a longevidade do ecossistema.

As constatações aqui citadas podem ser observadas nessa gravação que obtivemos: http://veja.abril.uol.com.br/idade/podcasts/mainardi/audios/260907.mp3 (sujeito a náuseas).

Imagens do espécime parasitário observado também foram obtidas http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM751805-7822-DIOGO+MAINARDI+EXPLICA+O+TITULO+DO+LIVRO+LULA+E+MINHA+ANTA,00.html & http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM751801-7822-JORNALISTA+DIOGO+MAINARDI+LANCA+LIVRO,00.html : Muito interessante o fato de a olho nu, em vídeo e fotografia, o animal simular o mesmo tamanho que suas presas quando diante delas. Não se sabe ao certo se é mimetismo, toxinas lançadas no ar com o efeito de iludir ou feromônios dispersos no ambiente (a presa levanta essa possibilidade). Fato é que observado via microscópio e devidamente trajado, o observador contempla a verdade sobre o parasita: tamanho mínimo face o ambiente, o ecossistema e os parasitados.

Por conta das mudanças na relação parasita-parasitado, hoje em dia é corrente a voz de alguns que entendem ser necessário o extermínio dos parasitas, em alguns casos até mesmo dos parasitados, como única solução possível. O extermínio nunca é uma solução, mas nesse caso tem sido cada vez mais difícil desqualificar as argumentações dos partidários à erradicação do parasita.

No futuro os parasitas também podem incitar indiretamente a erradicação da liberdade de opinião de outros seres-vivos. g

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